Pedro Fonseca: O treinador que também é comentador


Pedro Fonseca é treinador do FC Foz, mas tem sido também comentador de jogos de futebol no Porto Canal, o que dito por outras palavras quer dizer que tem vestido a pele de crítico, mas esta temporada pode também ele ser o criticado. Será que por ser comentador se está mais preparado para ouvir uma crítica ao futebol praticado pela nossa equipa, ou ao nosso trabalho? O mister aceitou o desafio de abordar o assunto. “Esse é um dos motivos que leva as pessoas a apaixonarem-se pelo futebol, porque não há uma só forma de ganhar um jogo. Podemos ganhar de muitas maneiras, jogando ao ataque, à defesa, jogando mais bonito ou mais feio e até esse mais “bonito” e esse mais “feio” são diferentes, dependendo dos olhos de quem está a ver. Portanto, diria que sim, está-se mais preparado para aceitar a crítica, porque, se calhar, estamos mais preparados para aceitar a diversidade de opiniões. O que me preocupa é ter a consciência de que fazemos o melhor naquilo que acreditamos”, comentou.

Como é normal num treinador em evolução, nunca se perde a oportunidade para conhecer, ou aprender mais sobre o treino e a gestão de inúmeras variáveis que influenciam o decorrer de um jogo e Pedro Fonseca não é diferente e garante que também aprende quando comenta um jogo de futebol. “A aprendizagem acontece permanentemente na vida, em todos os aspetos. Naturalmente que quando estamos a olhar para um jogo e o vamos comentar de seguida, estamos atentos a muitos pormenores e a tentar perceber o porquê de determinadas coisas estarem a acontecer, ou o porquê de outras não estarem a acontecer. Isso, por vezes, leva-nos a refletir em aspetos que não imaginávamos. Partimos com uma abordagem e podemos sair com uma perspetiva diferente, que nos fez parar, pensar, e refletir nas razões de tudo aquilo”, explicou.

Um comentador corre muitas vezes o risco de estar descontextualizado, quando emite uma opinião sobre determinada equipa, ou sobre um determinado jogador, pelo que para o treinador do FC Foz, fazer o trabalho de casa é essencial, antes de abrir o microfone. “Se não estamos dentro do assunto também temos de ter muito cuidado com o que vamos dizer e com as palavras que vamos utilizar. Depois há ou outro lado, para além do trabalho de casa, há o contexto do tema para estarmos mais informados e darmos a melhor informação possível”, acrescentou.

Jogador do FC Foz há mais de uma década, Pedro Fonseca, conhecido como “Pipoca” também foi assumindo o papel de treinador da formação do emblema fozeiro. Em época de transição de “Pipoca” para Mister, o que não faltam são curiosidades a propósito desta mudança de papéis, percebendo-se rapidamente que o facto de já se ter o chamado “cheiro de balneário” ajudar bastante, neste contexto. “Considero que é importante, mas não considero que seja fundamental para sermos melhores ou piores treinadores.

Aquilo que isso nos pode dar é uma sensibilidade diferente para aquilo que acontece. No caso do FC Foz, conhecer o contexto pode facilitar as coisas aqui e ali. Mas não é fundamental ter-se sido jogador, porque para se ser treinador é preciso reunir uma série de outras competências que por vezes até se encontram em pessoas que nem estiveram por dentro dos balneários. Aliás, temos muitos exemplos de grandes jogadores que tentaram, mas que não conseguiram ser bons treinadores e outros que foram mais discretos como jogadores e que resultaram em grandes treinadores, ou ainda de outros que nunca foram jogadores e são grandes treinadores”, concluiu.