Renascer: A palavra de ordem nos Restauradores Avintenses


Os Restauradores Avintenses estão a renascer das cinzas, lentamente, à medida de uma grande recuperação financeira, depois do clube se ter visto obrigado a extinguir o futsal feminino, em 2015. Hoje, o emblema de Vila Nova de Gaia tenta relançar-se com uma equipa de futsal masculino, que vai disputar a I Divisão, Série 3, da Associação de Futebol do Porto, com os olhos postos na subida à Divisão de Honra. “Em 2015 houve uma recessão muito grande nos Restauradores Avintenses, por causa de uma Direção distraída, que deixou o clube cair no caos, quase bater no fundo.

O futsal trabalhava como uma secção desportiva, com uns investidores que injetavam capital. Mas tínhamos muitas dívidas às finanças e a fornecedores. A primeira preocupação era salvar o edifício e evitar que ele fosse penhorado, ou entregue à Câmara Municipal”, conta João Castro, vice-presidente do clube. “Com uma nova Direção, até 2017, restabelecemos a parte financeira, mas o patrocinador do futsal decidiu abandonar pouco antes do recomeço da temporada. Depois também saiu a equipa técnica e naquela altura já não tínhamos tempo para preparar uma equipa, tão em cima do arranque da época.

Por arrasto também acabou a equipa júnior, pelo que não tivemos outro remédio que não fosse suspender a nossa inscrição na AF Porto. Alguns clubes ainda tentaram comprar-nos os direitos desportivos, mas nunca vendemos porque tínhamos a esperança de voltar”, acrescentou.

O último título no futsal feminino remonta a 2009. Nos anos seguintes o clube ainda lutou pelos primeiros lugares, mas nunca mais voltou a ser campeão. Para trás ficam mais de duas dezenas de títulos nacionais, incontáveis títulos distritais e um prémio personalidade do ano em 2009. “Quisemos devolver a equipa a Avintes. Em 2019 tentamos reativar o futsal feminino com atletas da terra, mas só apareceram umas seis ou sete. No ano seguinte, decidimos apostar em construir uma equipa masculina.

A pandemia não ajudou a lançar o projeto, mas este ano estamos com mais força, contratamos alguns atletas e ainda assim 80 por cento são de cá”, apontou João Castro. “Gostávamos de ter futsal feminino e masculino, são 30 anos de futsal, mas gostávamos de ter todos os escalões. Antes de arrancar com isso precisamos de espaço físico. Há um pavilhão em Avintes, mas serve para muitos clubes, como o Módicos, Gaia Basquete e Bola ao Cesto, etc…”, lembrou.

No passado, o clube ainda chegou a ter um projeto aprovado para a construção de pavilhão próprio orçado em 1,2 milhões de euros, mas nunca arrancou. Para já, para além da equipa masculina de futsal, os Restauradores Avintenses têm canoagem, mas mudaram completamente a forma como passaram a gerir o clube, para evitar outro desastre como o que extinguiu o futsal feminino. “Definimos grupos de trabalho responsáveis pelas várias secções e por arranjar dinheiro para alimentar as respetivas atividades. Antes da pandemia ainda tínhamos a receita do bar, patrocinadores e eventos que nos ajudaram a gerir as coisas e que também queremos recuperar”, explicou ainda.

E, por falar em pandemia, esse foi mais um obstáculo que atrasou muita coisa. “Complicou tudo, porque tínhamos a Festa da Broa, que nos garantia metade do orçamento da coletividade, e com a pandemia perdemos tudo. Vamos ver se no próximo ano se recupera essa festa, porque é essencial para nós. Junta umas 600 a 700 mil pessoas em dez dias. Normalmente, temos lá sempre duas barracas que nos ajudam a fazer uma receita que paga as inscrições das duas secções e as deslocações do ano todo”, sublinhou.

Mas não é só, a atual Direção dos Restauradores Avintenses tem as suas instalações em obras, o que também tem afetado o orçamento. “Temos feito um grande investimento em obras nos últimos anos e temos tido a sorte da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia nos ajudarem”, reconheceu.

Orçamento à parte, todos têm os olhos postos na equipa de todas as esperanças, que poderá ajudar a relançar o clube em definitivo: “O ano passado foi uma espécie de ano zero, foi preparado em cima do joelho, não correu nada bem, mas iniciamos a atividade. Agora temos a base e esta época já contratamos. Temos um massagista a tempo inteiro, um treinador novo, um treinador de guarda-redes e estamos mais confortáveis para abordar a época. Estamos mais competitivos e estou convencido que vamos lutar pelos lugares da frente. A equipa tem jogadores experientes de divisões acima da nossa, preparamo-nos contra equipas da Elite, sempre com bons resultados. Vamos ver como corre”.

Daqui por dois anos, os Restauradores Avintenses festejam 100 anos e João Castro espera ver o clube, de novo, na mó de cima.