Cinco jogos, quatro vitórias, nove golos marcados e apenas um sofrido, são os números que permitem fazer o balanço do trabalho da equipa técnica liderada por Jorge Pinto à frente do Amarante, líder da Série B do Campeonato de Portugal. Afinal, onde está a chave do sucesso? “Valemos como grupo. Encontrei uma equipa onde não há vedetas, onde a estrela é a equipa e isso tem sido fundamental para o sucesso que temos tido. Nenhum jogador está acima dos outros, todos estão cá para ajudar, não há estrelas, a não ser o coletivo”, explica Jorge Pinto. “Depois há a capacidade de trabalho que este grupo tem. Encontramos jogadores muito solidários, muito amigos, que não vão ao treino, mas que vêm treinar, sempre muito comprometidos com o clube. Metemos o nosso cunho pessoal, naturalmente, mas essa é a base, o comprometimento deste grupo para com a equipa técnica, para com eles e o clube”, acrescenta ainda.
Para que a história fique completa, importa lembrar que os dirigentes do Amarante mudaram de treinador ao cabo de uma jornada do campeonato e da primeira e única eliminatória da Taça de Portugal, curiosamente sempre contra o Vila Meã, jogos – para o campeonato e para a taça – que se saldaram ambos por dois empates a três golos e custaram o lugar a Pedro Reis.
O Amarante tinha traçado objetivos ambiciosos e Jorge Pinto tem conseguido alimentá-los: “Quando aceitamos o convite o objetivo era ficar nos dois primeiros lugares. Para isso o plantel tinha de ter qualidade e tem-na e se o objetivo era estar entre os dois primeiros, estamos a cumprir”. Mas o sucesso não parece inebriar o treinador, bem pelo contrário. “Sabemos que o futebol são ciclos e vamos tentar manter este ciclo o máximo de tempo possível, que é bom para todos, sabendo que se calhar vai haver um dia em que as coisas não vão correr tão bem e que teremos de estar preparados para esse momento. Vamos fazer durar este momento por mais sete dias, como digo aos jogadores”, comentou.
Para descodificar este Amarante, é bom que se perceba que a casa não começou a ser construída pelo telhado, bem pelo contrário. Como se contou atrás, nos dois primeiros jogos da temporada a defesa tinha concedido seis golos. “Começamos com a parte defensiva, mas sem descurar o ataque, por isso somos a equipa com mais golos da série [12]. As nossas ideias e as dinâmicas implementadas são ofensivas, mas o importante quando chegamos era fechar a baliza. Trabalhámos isso e a equipa foi crescendo, porque o resto estava lá, era uma questão de equilibrar o conjunto”, explicou Jorge Pinto.
Mas esse equilíbrio de que fala o treinador não é um equilíbrio cego, bem pelo contrário: “Por vezes temos um plano de jogo, mas depois o jogo traz nuances que nos dão outros indicadores e nós temos de nos adaptar e de recorrer às opções que temos. Em Santo Tirso jogamos com 10 nos últimos minutos e não permitimos oportunidades, soubemos baixar linhas e ser pragmáticos. Mais do que o ADN da equipa, é importante percebermos o que nos pede o jogo e sabermos adaptar-nos a isso”.
E voltamos ao mesmo: “Todos os jogadores são fundamentais, todos são válidos e percebem que a equipa está a ganhar e que está bem, mas que de um momento para o outro podem ser chamados a jogar. Ainda esta semana jogou um miúdo de 18 anos, a ponta-de-lança. No ano passado, por causa do Covid, quase nem tinha competido nos juniores, e esta semana jogou e ganhamos na mesma. Por isso, todos se sentem válidos e estão muito disponíveis e comprometidos, o que tem sido fundamental para chegarmos onde chegamos”.
Depois, há a vertente psicológica que também se prepara. “A pressão aparece cada vez que vamos para o jogo, porque jogamos para ganhar. Mas somos nós que colocamos pressão em nós próprios, nós é que elevamos a nossa responsabilidade com estas vitórias e esta classificação. Os jogadores sentem que têm mais responsabilidade no próximo jogo. Quem vem jogar contra nós quer ganhar, quer-nos quebrar este ciclo. É um fator de motivação extra para o adversário, mas também o é para nós continuarmos em cima deste registo”, explicou.