Nuno Pinto é o árbitro de futsal da Associação de Futebol do Porto que foi nomeado pelo IPDJ parar receber uma distinção no âmbito do "Prémio Cartão Branco – Árbitros e Juízes" na passada quinta-feira, em cerimónia que decorreu em Lisboa. “Faço dupla com o meu filho de 17 anos e arbitramos muito ao nível da formação, onde os jogadores são mais sinceros por causa da idade e isso muitas vezes desperta atitudes que nos transtornam, ou surpreende, pela correção de alguns erros que acontecem e que eles fazem de uma forma muito natural. No caso, o meu filho, que é mais emotivo e mais sensível a estas coisas, tem mais propensão a exibir o cartão branco. Mas o significado tem muito a ver com a veracidade do jogo, com a boa vontade positiva dos intervenientes, sejam atletas, ou fisioterapeutas, por exemplo, que muitas vezes atuam sem olhar a quem está lesionado, ou seja, envolvem-se para ajudar”, explicou Nuno Pinto.
Mas o que “choca” de alguma forma o árbitro é a atitude de alguns colegas, que se socorrem menos do cartão branco: “Fico com a sensação de que para alguns, exibir um cartão branco coloca em causa a autoridade deles no jogo e contrariam os jogadores com isso. Talvez se sintam fragilizados por admitir que erraram. Mas acho que não é por aí e nas camadas jovens é bom para o crescimento das crianças. Vai ajudar a que a modalidade evolua num contexto diferente”.
O filho Rafael, estando mais próximo da idade dos atletas percebe com muita facilidade a atitude dos jogadores. “É uma situação importante para o saber estar dos atletas e de todos os intervenientes no jogo. Na educação dos mais novos, dos clubes, dirigentes e não só, porque muitas vezes as coisas são levadas ao extremo sem necessidade. Aprendem a não ludibriar o árbitro, leva a fazer o correto e o cartão branco é o premiar dessa atitude”, acrescentou ainda Nuno Pinto.
Recuperar os valores de Fair-play também passa muitas vezes pelo reconhecimento da equipa de arbitragem em relação a quem contribui para levar o jogo a bom-porto. “Vem melhorar as coisas e é preciso, se calhar, outras ferramentas, para continuarmos a melhorar, mas parece-me muito positivo e que estaremos a trilhar o bom caminho. Usamos o cartão branco como uma ferramenta como outra qualquer e sentimos os efeitos positivos nas pessoas. Ainda há pouco tivemos um treinador que chamou dois jogadores e que com meia dúzia de frases conseguiu acalmar os jovens que estavam revoltados. Esse tipo de atitudes merece ser reconhecida, porque vem beneficiar todos”, partilhou o árbitro que ao lado do filho Rafael receberam uma menção honrosa na cerimónia organizada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude.
