O SC Canidelo tem feito uma temporada a correr atrás do prejuízo, praticamente, desde o tiro de partida da Série 1 da Divisão de Elite. Depois de em 2022/23 ter terminado às portas do play-off de apuramento de campeão, no terceiro lugar, a dois pontos do segundo, a equipa não fez um bom início de temporada e acabou por mudar o treinador, o que levou Nuno Pires a assumir os comandos. “Sou o chamado filho da casa”, começou por explicar, percebendo-se que mais do que qualquer outra coisas, o presidente quis apostar forte na confiança depositada em longos anos a trabalhar juntos. “Joguei no clube vários anos e estava a treinar na formação há algum tempo. Já tinha feito duas transições de equipas técnicas que tinham saído do Canidelo e acabei por ser uma aposta do presidente, que reconhecia o trabalho que vínhamos fazendo e me deu esta oportunidade”, resumiu.
Dentro do balneário, ao cabo de quatro derrotas, um empate e uma vitória, o cenário era desolador, quando pegou na equipa à 7ª jornada e conseguiu um empate no dérbi contra o Candal. “A maior dificuldade foi recuperar os jogadores animicamente. Deparamo-nos com um grupo destroçado, sem motivação, desequilibrado emocionalmente. Esse foi o maior desafio. A partir dali, com o trabalho e algumas mudanças que se fizeram, as coisas tiveram tendência para melhorar”, contou Nuno Pires.
Mas as afinações não se ficaram por ali. Sem o nível 2 de treinador, Nuno Pires precisava de alguém qualificado com esse diploma e aproveitou a oportunidade para acrescentar valor à equipa técnica, quando convidou Ricardo Afonso: “Ele não estava completamente satisfeito no projeto que tinha em mãos. É um treinador que conheço bem, sei da qualidade e do trabalho que faz. Percebi que tinha uma oportunidade para acrescentar qualidade à nossa equipa técnica em termos de metodologia de treino e conhecimento de jogo, em que ele é muito bom”.
É claro que com uma entrada em falso no início da temporada, as expectativas que existiam de ver o Canidelo andar a disputar os lugares da frente esfumaram-se rapidamente e, mais do que isso, era urgente endireitar o rumo e sair da parte debaixo da tabela, o que nunca é fácil atendendo à forte competitividade da Divisão de Elite. “Como sócio e adepto, conhecia bem a responsabilidade. Mas vimos ali uma oportunidade para ajudar o clube num momento difícil. Tinha a ambição de abraçar um projeto desta dimensão há algum tempo e conciliaram-se as duas coisas. Tentamos aproveitar a oportunidade e mostrar o nosso potencial e o nosso trabalho”, comentou o treinador.
Desde o início de 2024, em dez jornadas, o Canidelo sofreu apenas duas derrotas e somou 16 pontos em 30 possíveis, o que colocou a equipa na luta do meio da tabela da Série 1. “Em casa é primordial não perder pontos. Tivemos dois jogos com o FC Foz e o FC Pedras Rubras que empatamos, que não estavam nas previsões. Mas ajudou termos colmatado algumas situações no mercado de inverno, quando nos reforçamos com o Ruizinho e o Loureiro. Eles equilibraram melhor a equipa em duas posições. O plantel ficou mais estabilizado e a equipa entrou numa senda de bons resultados e exibições”, resumiu.
A dupla Pires-Afonso conseguiu somar 31 dos 35 pontos do Canidelo no campeonato, o que fizeram o emblema gaiense sonhar com a classificação para a Pró-Nacional, nova competição que será implementada na próxima época e será a divisão máxima de futebol. Com três jornadas pela frente, daqui até ao final da temporada só há um resultado possível: “Costumo dizer que só temos dois resultados, que é ganhar… ou ganhar! (risos) Mas a equipa está com uma ambição e uma crença muito grande numa altura em que os pontos estão ao preço do ouro. Estamos no sprint final, com o plantel mais motivado do que nunca. Vamos procurar cometer o mínimo de erros possível para conseguirmos ainda chegar mais alto”.