Após três anos sem derrotas, a Taça chegou a Penafiel


A vitória da Associação Desportiva de Penafiel, na final da Taça de futsal da Associação de Futebol do Porto, veio valorizar como nunca o trabalho que se vem desenvolvendo nos últimos anos no clube do concelho de Penafiel. A vitória alcançada contra o CD Aves 1930 (4-4 e 5-4 nas grande penalidades), adversário que conheciam já dos duelos da Série 1 do Campeonato Distrital, pode ter despertado atenções. “Foi importante, porque temos sido sempre muito pouco valorizados. Muitas vezes, nem localmente conhecem a AD Penafiel, apesar de sermos a maior ou uma das maiores associações de Penafiel. Como somos do Distrital não nos ligam. Mas perceberam que jogamos bem, que temos qualidade e intensidade. Ficou demonstrado em campo que temos isso tudo e já defrontamos equipas da Elite e vencemos”, conta Ivo Pereira, treinador da AD Penafiel, que se tinha apurado na véspera para a final ao eliminar o GD Cem Paus, equipa da Divisão de Elite, precisamente.

Mas quase se podia dizer que esta vitória da AD Penafiel estava escrita no destino do clube e Ivo Pereira explicou porquê: “Esta Taça ajudou-nos a fazer a nossa pré-época, porque foram jogos que ganhamos e que nos permitiram melhorar. Mas, curiosamente, somos a equipa da AF Porto com mais vitórias nesta competição, porque não perdemos para a Taça há três anos. Na primeira época estávamos apurados para os quartos de final, quando isto parou tudo por causa da pandemia. No ano passado a competição parou logo na primeira fase e como não havia tempo para terminar a prova fez-se um sorteio com algumas equipas e a AD Penafiel acabou por ficar de fora, até que este ano vencemos. À terceira foi de vez!”

Este é o primeiro troféu de peso de um clube que se tem construído a pulso, em grande parte com a prata da casa e onde uma vitória destas acabou por ter um sabor bem diferente, especial para o treinador e não só, porque promete motivar ainda mais todos os atletas dos diversos escalões. “Este troféu foi o culminar de todo um trabalho. No início existia uma equipa que se juntava num bar e vinha aqui jogar, era um grupo de amigos, uma equipa de café. Fomos mudando as coisas e quando assumi a equipa sénior, há quatro anos, quis mudar mesmo. Deixamos de ser uma equipa de café, começamos a treinar regularmente e disse que daqui por uns anos a equipa estaria diferente. Aos poucos subimos atletas da nossa formação aos seniores e fomos crescendo até esta época em que se começam a ver os resultados”, acrescenta ainda o mister.

A Taça correu as equipas de todos os escalões de formação do clube, deixando uma mensagem importante a todos. “Depois de vencermos fomos agradecer aos jogadores de todas as equipas da formação por terem estado lá a apoiar, mas com esta vitória mostramos que também eles podem treinar e acreditar que é possível alcançar os objetivos nas suas equipas. Um dia, quando chegarem aos seniores, também estes jovens podem ter sucesso. É importante para todos e a mentalidade deles, hoje, será certamente diferente pelo exemplo que se deu ao vencer esta taça”, explica ainda Vítor, capitão da equipa sénior.

A irreverência de uma equipa da I Divisão Distrital ter a coragem de apontar a Taça da AF Porto como objetivo também é de salientar, mas começou de uma forma muito natural. “Era um objetivo que o treinador já nos vinha passando desde o início da época. Aconteceu, porque se passou sobretudo a mensagem de que era possível e que tínhamos de acreditar, porque já tínhamos defrontado equipas de escalões superiores e tínhamos ganho, ou dado boa réplica. Fomos crescendo, jogo a jogo, treino a treino, e acreditamos. Começamos a ganhar e a confiança foi crescendo com as vitórias que se foram somando”, juntou Vítor.

Na memória fica uma grande festa e muitas emoções. “Os títulos valem o que valem, mas os momentos que se vivem são únicos. Na final senti a equipa ligada ao mesmo espírito, não estava preocupado, mas isso deu-me confiança para ter a certeza de que íamos ganhar. Vi os jogadores a disputar todas as bolas, a querer ganhar, a insistirem mesmo com cãibras, todos a jogar como um só. Isso é que fica em mim, como os jantares que fizemos e os que vamos fazer em memória desta conquista, porque a história fica no clube”, sublinhou o treinador.

Daqui para a frente, a AD Penafiel espera sentir os efeitos positivos esta conquista possa trazer, porque a equipa de café deu lugar a uma equipa competitiva, que aponta no futuro a outras divisões e a palcos mais ambiciosos. “É difícil atrair jogadores, tem sido mais fácil mantê-los, mas depois de conhecerem o nosso balneário ficam, porque o ambiente que se vive no clube é bom e no futsal há muito bom ambiente. A prova está na final onde tivemos antigos treinadores e jogadores a apoiar-nos nas bancadas. No final disseram que tinham tido vontade de vir festejar para dentro do campo com a equipa e estamos a falar de pessoas que hoje até estão em outros clubes. Mandavam mensagens “ADP sempre!” Isso é sinal de que somos um bom clube, com um ambiente diferente, o “não se explica, sente-se” é um chavão, mas é verdade. O desporto também é esta emoção e estas ligações que se criam. Por tudo isso, acho que estamos no bom caminho, mas isto é sempre um projeto a longo prazo”, argumenta Ivo Pereira.

Nesta fase da temporada, a AD Penafiel ainda luta pela subida à Divisão de Honra, mas os olhos estão postos bem mais acima. “O objetivo é chegar à Elite, consolidar a nossa equipa nessa divisão e depois pensar de que forma poderemos dar os passos seguintes, sem darmos passos maiores do que a perna. Temos consciência que temos estrutura para a Elite, porque não é assim tão diferente em termos de meios. Somos amadores, mas trabalhamos para elevar o nível de exigência e a mentalidade”, rematou o treinador.