O Varzim ainda festeja a eliminação do Sporting da Taça de Portugal, mas Tiago Margarido, treinador da equipa surpresa desta edição da competição, já olha mais além, embalado pelo sucesso alcançado contra os “leões”. “Gostava que nos calhasse um FC Porto na próxima eliminatória”, deixou escapar o mister dos poveiros, no dia a seguir a um feito que datava de 1987/88. “Sinceramente, ainda não me caiu bem a ficha, ainda não tenho bem noção do impacto que a Taça de Portugal teve, mas no Varzim há muita euforia e festa, porque era algo que não acontecia há muito tempo. O Varzim não vencia o Sporting desde 87/88”, comentou.
Para já, uma coisa é certa, esta eliminação do Sporting da Taça de Portugal valida o trabalho que o clube vem desenvolvendo nos últimos meses. “Pode ter impacto desportivo, mas mostra que o Varzim está vivo e que o trabalho invisível e estrutural que se tem feito no clube está a ser bem feito. Depois, esta vitória sobre o Sporting é apenas mais um passo nos nossos objetivos, porque a verdade é que ainda não ganhamos nada, pelo que temos de continuar iguais a nós próprios”, acrescentou, refreando alguma euforia.
Falar depois de um feito que à partida teria uma percentagem reduzida para se materializar é fácil, mas para Tiago Margarido mostra também que a mensagem passada antes do jogo foi plenamente recebida por todos. “Admito que a pressão para um jogo contra um grande, como o Sporting, não seja tão grande, mas também é verdade que é sempre mais fácil para uma equipa de maior dimensão ir a jogo quando temos jogadores internacionais e de mais qualidade. O que disse antes do jogo é mais uma questão de ADN nosso e de valores, de cultura de vitória que se quer implementar no clube desde que começamos a trabalhar, foi mais nesse sentido”, reconheceu.
Mas há também outra vertente que o treinador destacou na abordagem ao jogo: “Mediante o que vinha acontecendo no Sporting nas últimas semanas parece-me que esta seria a melhor altura para os defrontar. Esta mensagem também foi passada. Tínhamos de ser inteligentes na abordagem ao jogo, tentar atrasar ao máximo o golo deles, para criarmos intranquilidade e aproveitarmos a nossa oportunidade, quando ela surgisse e foi o que aconteceu. Isso foi uma parte essencial da nossa estratégia para este jogo, sem dúvida”.
Este feito adquire ainda mais relevo, sobretudo quando se sabe do empenho do Sporting em procurar chegar à final da competição. “O Sporting não facilitou o que quer que fosse, porque apresentaram o melhor onze possível. Foram a jogo com muito respeito por nós. Agora, quem tivesse estado atento ao Varzim, sabia que tínhamos qualidade para eliminar qualquer equipa. Não seríamos favoritos contra uma equipa da I Liga, mas saberia que teríamos argumentos para fazer uma gracinha”, argumentou. Certo é que daqui para a frente estarão mais atentos ao Varzim. “É verdade que para quem estiver mais atento se vai perder o efeito surpresa daqui para a frente. Vão contar connosco. Mas o impossível só o é até ser feito. Mostra que o Varzim está vivo é verdade. Mas este clube é também um gigante adormecido, que está fora de onde devia estar, porque nunca devia ter caído onde caiu. Temos de sair da Liga 3 rapidamente”, apontou ainda.
Olhar para o Varzim de maneira diferente não parece incomodar o timoneiro do emblema poveiro, que prefere tentar tirar partido da exposição que atrai atenções em redor do “tomba-gigantes”. “A Taça de Portugal será sempre uma boa montra para todos nós. É um grande palco para apresentarmos o nosso trabalho, sabemos que muita gente está atenta e viu qualidade na nossa equipa”, lembrou. Mas o importante para Tiago Margarido é, essencialmente, continuar a trabalhar, até porque independentemente dos fatores intrínsecos a jogar em escalões secundários, a verdade é que todos levam o trabalho diário muito a sério. “Nos escalões inferiores, quer ao nível das estruturas, dos treinadores e do trabalho que eles desenvolvem e do que é exigido aos jogadores, já todos trabalham a um nível muito próximo dos maiores escalões. Hoje já não haverá tanto desnível nos métodos de trabalho como há uns anos. É claro que também é preciso ter alguma sorte, mas também concentração, entreajuda e acreditarmos todos que é possível. Há muitos mais fatores incluídos nisto, além da sorte”, frisou.
Por último e “embora não tenha ganho nada”, a verdade é que o mais importante foram os parabéns que recebeu de quem realmente faz a diferença na sua vida. “São sempre os mesmos que me dão os parabéns quando ganho, que são os meus familiares. São eles os mais importantes, porque também são eles que me apoiam quando as coisas correm menos bem”, rematou.