O SC Nun’Álvares está a fazer um arranque sensacional na primeira fase da Série 2 da Divisão de Honra e na Taça AF Porto (venceu duas eliminatórias), onde ainda não perdeu nas duas competições, e lidera o campeonato com quatro pontos de vantagem sobre o Freamunde, à entrada para a 10ª jornada. Mas nada disto parece ser uma coincidência. Na época passada, a equipa de Paredes já tinha conseguido alcançar a fase final, acabando por ficar pelo caminho.
Mas desta vez, com a experiência acumulada, todos acreditam que é possível fazer mais e melhor. Para já, o treinador Manuel Sousa explica tudo de uma forma muito simples: “Acima de tudo tem a ver com o trabalho, com a disponibilidade dos jogadores em fazer o que lhes pedimos. Além disso, mantivemos quase todo o plantel da época passada, pelo que nos conhecemos melhor e tudo isso tem contribuído. Mas se fosse a descrever esta equipa diria que tem grande capacidade de trabalho, é inteligente e ambiciosa”.
Apesar de o contexto ser de liderança, a subida é uma questão curiosa: “Assumida não foi. Ninguém nos exigiu, em nenhum momento, a subida. Mas a ambição dos jogadores é essa. Se conseguimos chegar à fase final como na época passada, o mínimo será repetir isso, mas a ideia da equipa técnica e dos jogadores é mesmo subir”.
A este arranque positivo do Nun’Álvares, o presidente Ricardo Costa acrescentou mais uns argumentos às palavras do treinador, que apontou como o principal responsável por tudo. “Há grande mérito do treinador, que é diferente, pela escolha dos jogadores e na forma como aborda o adversário. Controla tudo muito bem, tem uma boa postura e sabe antecipadamente como vai jogar o adversário. Sabe ler bem o jogo e percebe como deve dar a volta às coisas. Os jogadores já sabem o que têm de fazer em campo. É muito atento a tudo, organizado e competente”, resumiu o dirigente.
Manuel Sousa, mais contido, deu outra explicação, valorizando o trabalho que tem sido desenvolvido. “Já se trabalha bem nestas divisões! Somos uma equipa técnica com muita ambição e é claro que queremos evoluir para chegar mais alto. Temos feito um trabalho competente. Se calhar há poucas diferenças na forma como se trabalha comparado este nível e outros superiores. O que fazemos será grande parte daquilo que as outras equipas técnicas fazem. Dedicamos muito tempo a algo que não é um hobby para mim, é mais do que isso, é um objetivo de vida para conseguir chegar mais alto”, argumentou.
O sucesso do Nun’Álvares vai muito para além dos treinos. Há todo um trabalho de casa, de sistematização de dados e informações, que se faz à margem disso, o que ocupa a equipa técnica várias horas entre as sessões e exige muito tempo. “A diferença para os profissionais é que não somos remunerados, mas a dedicação e o empenho é igual. Eles têm muito mais tempo para fazer o que é necessário. Nós trabalhamos todos e tentamos dedicar ao futebol o tempo que nos sobra, mas estamos a tirar à vida familiar, o que nem sempre é fácil”, partilhou o treinador.
Apesar deste bom início, tal como diz o presidente, “ninguém deita foguetes, ou se põe em bicos de pés. Continuamos humildes”. A equipa tem marcado muitos golos, leva 28 marcados e apenas três sofridos, o que faz do Nun’Álvares melhor ataque e melhor defesa do campeonato. “Mas não tem sido só ganhar, mas jogar bem, marcar muitos golos e a convencer. Temos feito exibições magníficas. Não estávamos a contar com este arranque, embora tivéssemos consciência que construímos uma equipa competitiva”, comentou Ricardo Costa.
A esse propósito, Manuel Sousa aproveitou para recordar que não falta concorrência e de qualidade: “Começa com o Freamunde, que tem um plantel rico e forte. Também tivemos um jogo difícil contra o Lamoso e ainda haverá que contar com Leverense e Ataense”.
Fotos: Jéssica Rodrigues