José Manuel Neves: “É urgente rever o estatuto do dirigente desportivo”


O Presidente da Associação de Futebol do Porto esteve na manhã desta sexta-feira no Thinking Football Summit, que entre os dias 12 e 14 de setembro decorre na Super Bock Arena, no Porto.

Num painel em que esteve ao lado de Hermínio Loureiro (ex Presidente da Liga de Clubes e vice-presidente da FPF) e de Alexandrina Cruz (Presidente do Rio Ave FC) a conversa teve como mote o lema “só há um futebol”.

Na sua intervenção, o Presidente da Associação de Futebol do Porto voltou a falar sobre a grande envolvência das Associações de Futebol, lembrando que só no distrito do Porto os mais de 1000 jogos organizados pela Associação fazem circular todos os fins de semana entre 300 a 400 mil pessoas, mas que o movimento associativo vai muito para além da realização de jogos.

“As Associações distritais têm um papel determinante na componente formativa. São a verdadeira base e grande sustentação do futebol profissional em Portugal, que tem dimensão europeia e mundial. É aqui que começam os jovens jogadores que hoje estão nas nossas seleções nacionais e nos clubes profissionais. É aqui que são formados os treinadores, hoje reconhecidos como dos melhores do mundo. É aqui que são captados e formados os árbitros – E sem este trabalho não havia árbitros no futebol profissional.

Foi precisamente sobre “a base” que sustenta toda a pirâmide do futebol distrital que o Presidente da AF Porto falou, nomeadamente sobre o estatuto do dirigente desportivo, que, na sua opinião, deve ser urgentemente revisto, sob pena de muitos dos clubes que sustentam este tecido sejam voltados ao abandono.

Falando da experiência na AF Porto, mas também nas estatísticas gerais do país, José Manuel Neves garante que será difícil subsistir com base no voluntariado e que é cada vez mais difícil encontrar dirigentes com disponibilidade para os clubes.

“Os Dirigentes abdicam de horas em família, da possibilidade de progressão profissional, de fins de semana, de noites para servirem os clubes as instituições. A troco de quê? Na sua grande maioria nada recebem em troca. Este caminho não é atrativo. Não é assim que vamos atrair mais e melhores dirigentes para os clubes”, disse.