Leça e Paredes de olho no “pote de ouro”


O sorteio da Taça de Portugal ditou um Leça-Paredes, duas equipas filiadas na Associação de Futebol do Porto, cujos treinadores confessaram não estar à espera de se cruzar. Mas as duas únicas equipas do Campeonato de Portugal vão mesmo a jogo daqui a um mês. Curiosamente, tanto Luís Pinto, treinador do Leça, como Eurico Couto, treinador do Paredes, concordaram numa coisa: nos quartas-de-final haverá pelo menos um representante do Campeonato de Portugal, pelo que o “pote dourado” está mesmo a uma eliminatória de distância. “Há que ver as coisas pela positiva”, concordam, portanto, ambos os treinadores. “Sabíamos que também nos podia calhar um FC Porto ou um Rio Ave, mas o Paredes é um desafio muito grande, porque tem uma equipa muito competente, muito bem orientada pelo mister Eurico. É um jogo que vamos disputar com a maior das humildades, porque vai ser muito complicado”, comentou Luís Pintos. “Tanto nós, como o Leça, não estaríamos à espera de nos defrontar, porque a probabilidade de se defrontarem duas equipas de Campeonato de Portugal era reduzida e havia 11 equipas da I Liga. Estaríamos mais interessados em defrontar um ‘grande’, mas as probabilidades de passar também aumentam para os dois lados. Vai ser extremamente difícil para as duas equipas, mas vamos ter tempo de preparar o jogo”, respondeu Eurico Couto.

O treinador do Paredes já provou a sensação de defrontar um “grande” na temporada passada, quando mediu forças com o Benfica na terceira eliminatória da competição, no relvado do Estádio da Cidade Desportiva de Paredes. Nesse encontro, os encarados venceram pela margem mínima (0-1), com um golo de Samaris. “Defrontar um grande é sempre um jogo que marca, é o que queremos que faça parte do nosso dia-a-dia e esperamos que no futuro isso aconteça. Os jogadores ainda hoje falam do jogo do ano passado, e da semana que os marcou. Mas se passarmos pode ser que ainda tenhamos essa oportunidade de novo, quem sabe”, acrescentou Eurico Couto.

Entusiasmado está Luís Pinto, que aponta a estes oitavos-de-final como mais um palco para valorizar o trabalho que vem sendo feito. “Sabendo das dificuldades que existiram no Leça para iniciarmos a competição e para construirmos o plantel, se agora olharmos para o rendimento que temos tido, obviamente que isso nos deixa orgulhosos e felizes. Está a ser uma época bem conseguida, mas sabemos que no futebol isso de pouco interessa, porque tudo pode alterar-se de um momento para o outro.

Para já pensamos no próximo jogo do campeonato, que queremos ganhar para dar sequência à boa temporada que estamos a fazer”, apontou. Mas para o treinador do Leça não há milagres para explicar o bom percurso da equipa. “O que há é o caráter, os princípios dos jogadores e deste grupo, desde o staff aos diretores e a todos os que nos acompanham diariamente, pela identificação de valores, da amizade e do companheirismo. Antes de serem excelentes jogadores, são excelentes pessoas e essa é tem sido a vantagem para estarmos onde estamos, porque o grupo tem grandes homens. Depois, vem a qualidade dos jogadores, com os mais velhos a passarem a experiência aos mais novos, a dar-lhes tranquilidade para evoluir. Com essa diferença de experiências a trabalhar para o mesmo conseguimos construir uma harmonia e conjugá-la com ambição, sempre com humildade no trabalho diário”, comentou.

Eurico Couto sublinhou a valorização que a Taça de Portugal vem trazer. “Ajuda, pelo menos, a que se fale de nós, do Paredes e dos seus jogadores e isso acaba por sobressair, porque a Taça permite valorizar o nosso trabalho e isso toda a gente quer. No ano passado defrontamos o Benfica, e à distância também foi difícil de comentar o sorteio, porque o jogo, tal como este, ainda vinha longe. Este só vai jogar-se daqui a um mês. Mas o Leça tem muita qualidade, é uma equipa que tem apresentado sempre muito bons planteis, vamos ter dificuldades”, juntou ainda o treinador, antes de sublinhar um aspeto a ter em conta neste duelo: “Vai ser uma eliminatória em que o fator casa será importante e o Leça tem uma massa adepta muito forte, que apoia muito e, portanto, tem um 12º jogador mais forte do que nós e isso pode ter alguma influência nesta eliminatória, sem dúvida”.