O jogo entre o Várzea do Douro-Varziela, da 12 jornada da Série 3 da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, promete ser muito mais do que um simples jogo do futebol distrital, porque os treinadores das duas equipas são irmãos e vão, pela primeira vez, estar a defender campos opostos.
Para apimentar ainda mais as coisas, o Várzea do Douro está a um ponto do primeiro lugar e não se pode atrasar na luta pelo apuramento de campeão. Do outro lado, Varziela luta para continuar acima da linha de água e também não se pode dar ao luxo de desperdiçar pontos.
“Vai ser um jogo especial, sem dúvida que será uma situação delicada, porque estamos a atravessar uma fase boa no campeonato. Eles estão numa situação pior, mas não podemos olhar às relações pessoais. Em campo só podemos procurar a vitória, porque é assim que tem de ser. Fui contratado para ganhar jogos e faço de tudo para os ganhar”, comentou André Reis, treinador do Várzea do Douro.
“Digamos que será um misto de emoções, porque temos uma relação muito próxima. Desde criança que somos os melhores amigos um do outro. Se perder posso ir para a zona de descida, por isso queria que ele perdesse desta vez, apesar de ele estar próximo do primeiro lugar. Mas preciso de pontos. Depois deste jogo quero que ele ganhe sempre e que seja campeão, não podendo ser eu, que suba até de divisão”, sustentou o irmão, José Carlos Reis, treinador do Varziela.
Além de treinadores, os dois irmãos já treinaram juntos, pelo que conhecem bem de que forma abordam os jogos. “O meu irmão já foi meu adjunto e conhece-me muito bem, costumamos partilhar vídeos e tem alguns da minha equipa e eu da dele. Já terá feito a sua análise à minha equipa, conhecerá os pontos fracos e fortes, mas o nosso modelo de jogo vai ser igual. Vamos tentar surpreender em alguma coisa, a estratégica poderá mudar aqui e ali para tentar surpreender”, reconheceu André Reis.
“Temos falado de tudo na mesma, é só mais um jogo, acho que nem pensamos muito nisso. Domingo talvez nos vá cair a ficha, mas tem sido tudo normal. Não há grandes segredos, sempre passamos coisas um ao outro, conhecemos muito bem a equipa um do outro, dinâmicas e virtudes das duas equipas. Sabemos tudo um do outro”, reconheceu José Carlos.
Entre amigos, grande parte deles comuns, o jogo tem sido tema de conversa e, claro, as provocações são normais. “Uns dizem que tenho medo de defrontar o meu irmão. Mas tento fugir à questão, porque é um assunto delicado, tento não pensar muito”, brincou José Carlos. Os familiares também não se têm contido. “Há dias perguntamos-lhes quem é que gostariam que ganhasse e eles respondem que o ideal seria o empate, mas para nós não pode ser assim, porque temos que defender os nossos interesses”, acrescentou André Reis.
O certo é que domingo, em Várzea do Douro o jogo não vai ser mais um. “Não vou querer perder, porque preciso mesmo dos pontos, mas depois espero que ele consiga alcançar os objetivos que tem”, confessou José Carlos. “Se perdermos em casa não será nada bom. Mas sou treinador e tenho de ajudar os meus jogadores a ganhar, independentemente do contexto. O foco tem de ser na vitória, mas que ganhem os melhores”, rematou André Reis.