Uma zebra com a bola: a história do icónico emblema do GRD Rans


Foi entre troféus e registos de jogos históricos, fotografias gastas pelo tempo, bandeiras antigas, acetinadas, numa sala recheada de história, que Joaquim Silva, presidente do conselho fiscal do Grupo Recreativo e Desportivo de Rans, desvendou as origens da zebra que faz parte do emblema do clube. Tratando de um clube de futebol, perceber as razões que levaram a que o clube se identifique com uma zebra despertou a curiosidade. “Há uns anos, um grupo de ranenses fez um estudo cultural e chegaram a colocar-lhe uma rã em cima, mas depois o Zeferino Batista, que esteve ligado à Associação de Futebol do Porto, e era dono do terreno onde passa o rio Zebreiros, onde temos o campo atualmente, num lugar que se chama zebreus, teve a ideia da zebra. Em tempos, até se ouvia falar que o rio tinha um peixe que se chamava zebreiro, mas a zebra vem do rio Zebreiros e acabou por ficar colocada em cima do símbolo do clube”, explicou aquele que também foi um dos antigos presidentes do clube.

O certo é que a zebra ficou e hoje é uma associação fácil de fazer, como acontece em diversos clubes mais conhecidos, com águias, dragões, leões, panteras, etc… “Em alguns momentos da história do clube condecoravam-se as pessoas com uma zebra. Em 2017, na inauguração do sintético, entregamos uma zebra a várias personalidades ligadas ao clube, antigos dirigentes, ou antigos autarcas, que ajudaram o clube”, acrescentou Joaquim Silva.

No passado dia 25 de abril, o GRD Rans festejou 49 anos e, às portas do meio século de existência, as memórias de muitos acontecimentos vividos com o clube trazem à tona as gentes daquela terra do concelho de Penafiel. “Este é um clube que é de todos, nunca foi um clube sustentado por uma família, ou uma elite. Ao longo dos anos, sempre foi o povo que geriu o clube. A sucessão na presidência surge do sentimento que as pessoas de cá têm pelo clube, da forma como o vivem e que muitas vezes os leva a ajudar o clube em determinadas situações. É isso que alavanca tudo”, descreveu.

“Em quase meio século, nunca este clube caiu no marasmo, teve sempre liderança, e nunca entrou cá qualquer tipo de política. As instalações que temos foram erguidas a braços por sócios, diretores e jogadores, com materiais doados. O Rans é um sentimento coletivo do povo de cá. Construiu-se o clube e com isso também se têm construído laços. É um clube de uma terra, que diz muito a cada um de nós.”, acrescentou ainda, orgulhoso da identidade forte com que o Rans tem marcado a sua existência.

Cá fora, um painel de azulejos tem vindo a ganhar forma e o significado, para além de original, espelha bem o dinamismo que se vive por ali. “É uma forma que encontramos para distinguir as pessoas, eternizar os sócios e todos aqueles que nos ajudam, perpetuando, com o seu nome e número de sócios no azulejo, o nome de quem vem colaborando com o Rans”, intervém o presidente, Hélder Sousa, que aproveitou para apontar alguns sonhos que estão a ser projetados: “Alargar o campo e cobrirmos uma parte da bancada são ideias que temos. Mas alargar o campo é essencial, porque neste momento somos obrigados a jogar no parque da cidade, porque o nosso recinto não tem medidas para podermos jogar em casa”.

Além de proporcionar o regresso a casa, o alargamento do campo é visto como decisivo e prioritário. “Jogar fora de casa tem feito uma grande diferença. Já disse que a jogarmos aqui, quando os nossos adversários atravessam o corredor que os conduz ao campo, sentem logo a pressão dos nossos adeptos e isso intimida bastante.

Hélder Sousa espera estar à frente do clube quando festejar meio século, até pelo simbolismo pessoal que isso terá: o meu pai foi um dos fundadores e quando festejarmos 50 anos vou estar cá eu. Isto também explica que o clube tenha uma alma que perdura no tempo, de geração em geração”.