Erica Parkinson corre atrás do sonho no Leixões SC e na seleção inglesa


Erica Parkinson não é uma miúda como as outras. Aos 14 anos, esta filha de pai inglês e mãe japonesa, reside em Portugal com a família, que mudou de vida para correr atrás do sonho do irmão, Denis, o grande causador de uma história improvável, que levou esta família a deixar Singapura há cinco anos para viver em Matosinhos. Erica acabou a defender as cores do Leixões SC, atualmente na equipa Sub-16.

“Viemos parar a Portugal, porque o meu irmão foi convidado a fazer um campus no FC Porto, através da Dragon Force. Além disso, o meu pai gosta muito de sol e praia e Portugal tem isso tudo para ele. O país ajusta-se às nossas necessidades, até a minha mãe, que é japonesa, gosta cada vez mais de Portugal. No início não foi fácil para ela, por causa do clima, sobretudo, mas ela sente-se cada vez mais”, garante uma Erica num português fluente com o inevitável sotaque britânico. Diz quem a conhece, que a Erica é uma “pequena bomba”, não para com a bola nos pés, “é uma verdadeira força da natureza, vai ver quando conversar com ela”, avisou José Maio, um amigo da família, que tem ajudado os pais na adaptação a Portugal.

Uma mentalidade completamente diferente traz a esta história peças de um puzzle que se constrói com boas doses de espanto. Uma delas retrata uma miúda que não conhece barreiras para realizar o seu sonho. Erica recorda a ocasião em que viajou sozinha para a Suécia para marcar presença num torneio de futebol feminino. “Acho que o medo é só algo que nos limita. É como no futebol quando fazemos uns carrinhos. Para mim, são prova de ambição e de atitude em campo!” É isto que se ouve, quando se fala de mentalidade diferente.

A Erica atira com uma roupagem completamente diferente às coisas, até quando conta a história de como foi parar à seleção inglesa: “Acabei por ser chamada, depois de o meu pai ter contactado um amigo que tem lá, porque a este nível, e a jogar em Portugal, não havia muitas oportunidades para eles me descobrirem. Entretanto, pediram para enviar vídeos dos meus jogos, para me ver, e um dia chamaram-me para uma concentração da seleção Sub-16. Acabaram por me ver nos treinos e desde então tenho sido chamada à seleção de Inglaterra. Já fui umas três ou quatros vezes”.

A seleção inglesa tem sido o caminho trilhado, mas sendo filha de mãe japonesa, envergar as cores do Japão poderia ser outra via aberta, até porque o irmão, Denis, já foi chamado a uma concentração nipónica. “Iria depender de muita coisa, como o estilo de jogo das equipas. Neste momento estou com a Inglaterra, já tenho lá amigos e referências para mim e estou mais adaptada ao estilo de jogo."

Erica descobriu esta paixão muito cedo e não a tem parado de alimentar. “O futebol feminino é muito bom. Acho que para continuar a evoluir e, sobretudo, evoluir mais depressa, faz sentido jogar com os rapazes, principalmente nesta fase da minha formação”, começou por revelar. Erica dá luta e enfatiza seu argumento: “O futebol masculino é o que se encaixa melhor nas minhas necessidades, é mais intenso, mais rápido e é aquilo que eu preciso. É mais físico também, o que é melhor para a minha formação. É o melhor contexto para mim para já e quero continuar a treinar no futebol masculino o mais tempo possível, porque é o que me vai preparar melhor e puxar mais para o nível que pretendo atingir”.

Nesta altura da sua formação, Erica garante que tem tido todas as condições no Leixões SC: “Para já estou no sítio certo em Portugal, embora as pessoas tenham tendência em subvalorizar o futebol feminino. Mas já joguei em alguns torneios e o nível tem sido bastante elevado”, insistiu Erica. “Aqui o estilo de jogo adequa-se mais às minhas características. Em Inglaterra sinto que é mais físico, mas eu sou mais tecnicista, que é como se joga cá em Portugal, por isso é melhor para mim estar cá e continuar a evoluir”, acrescentou.

Na cabeça da atleta, as fases da sua carreira estão bem claras e desde muito cedo, para que não queime etapas no processo. “Jogo desde os meus dois ou três anos, com o meu irmão e o meu pai, que adoram futebol. É uma coisa que amo e quando jogo sinto muita felicidade, por isso tenho a ambição de tentar chegar o mais longe possível. Como não posso prever o que vai acontecer, sei que vou ter de me esforçar ao máximo para isso, mas vou dar tudo, porque tenho muita ambição de me tornar jogadora”, finalizou.