A equipa de futebol feminino do Oliveira do Douro disputa, esta época, a subida à II Divisão e quase se podia dizer que este era uma etapa que o clube acabaria por alcançar, mais cedo ou mais tarde, na sequência do trabalho desenvolvido nas últimas temporadas.
O treinador Ricardo Silva explicou de que forma está a ser feita a caminhada. “Aquilo que tentamos aplicar no futebol feminino é um crescimento sustentado. Não querermos dar passos muito grandes de imediato, porque queremos a sustentabilidade. O futebol feminino arrancou em 2016/17 e ainda temos jogadoras dessa altura. Se criarmos bases sólidas, acreditamos que estaremos mais próximos de atacar uma subida de divisão”, argumentou.
O clube trabalha no sentido do projeto de futebol feminino ser cada vez mais credível e Torcato David, Presidente Adjunto do emblema de Vila Nova de Gaia, garante que todos têm consciência das implicações desta aposta. “Uma das bases deste clube é ter pessoas à frente, que estão cá todos os dias e isso dá muita força aos nossos atletas. Tanto o Presidente, como os diretores, estão sempre presentes para ajudar no que for preciso”, explicou. Depois há outra peça fundamental, que é Patrícia Moreira, diretora do futebol feminino, que acompanha todos os passos “É tudo construído na base da confiança, da união, do espírito de grupo, da sinceridade e depois criam-se laços entre atletas, que nos ajudam a ser mais fortes nas dificuldades”, acrescentou.
Não há fórmulas milagrosas, mas há muita vontade de continuar a evoluir, apesar das dificuldades com o recrutamento. “É uma luta que estamos a tentar combater com a evolução do nosso futebol feminino de formação. Cada vez há mais clubes e cada vez menos base de recrutamento e isso obriga-nos a olhar para o que temos dentro de portas”, juntou Ricardo Silva. Mas curiosamente, neste campo, o treinador até sentiu a diferença no arranque da temporada: “A credibilidade do clube faz-se notar cada vez mais. Esta época procuramos atletas que viessem acrescentar alguma coisa à equipa, houve um critério, fomos atrás de jogadoras que precisávamos para determinadas posições e já foi mais fácil ir buscar atletas que até já estavam na II Divisão”.
Entretanto, no arranque da fase de subida à II Liga, o Oliveira do Douro não evitou a derrota contra o Lusitânia de Lourosa (3-2) e um empate com o Marco 09 na segunda jornada. Nesta fase, obviamente, há mais competitividade, o que significa também outras preocupações, porque para a grande maioria das jogadoras, a experiência nesta fase não é muita. “Tentamos fazer um trabalho mental fora de campo para elas se libertarem da pressão para estes jogos”, reconheceu o treinador.
A equipa promete continuar a lutar e as duas capitãs de equipa, Ana Moura e Lídia Araújo, apontaram alguns aspetos que mudaram por completo desde que o Ricardo Silva assumiu o comando técnico, no arranque da temporada passada. “Esta época temos a felicidade de conseguir disputar esta fase de subida, o que se deve ao nosso trabalho e ao trabalho do mister, que pegou na equipa no ano passado, mas que teve um impacto muito positivo. A experiência dele ajudou. A exigência era diferente, agora aumentou.O tratamento passou a ser outro, já não olham para nós como se fôssemos um grupo de amigas, mas como um grupo que tem objetivos”, apontou Ana Moura.
“O mais importante é que o grupo continue coeso. O treinador tenta fomentar um bocadinho isso em todos os treinos. Isso, vai-se notar nos jogos e nestas fases mais complicadas. Essa perspetiva de entreajuda e de empatia, de ajudar e não criticar, sem julgamentos, tem-nos ajudado”, fez notar ainda Lídia Araújo, psicóloga e jogadora.
Para já, os olhares estão concentrados na luta pela subida à II Divisão e a Direção garante que não vai faltar nada, mesmo no caso de a subida acontecer. "Se isso vier a acontecer, sabemos que a visibilidade será maior numa II Divisão e que isso também vai atrair mais atletas ao clube. Mas o Oliveira do Douro não vai deixar de trabalhar com os pés assentes no chão”, garantiu Torcato David.