“Assumir a subida? Temos os pés bem assentes na terra!”


Abílio Novais, treinador do Oliveira do Douro, prefere olhar para a realidade tal como ela é e pouco mais do que isso. Se é verdade que a sua equipa lidera a Série 1 da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto, também verdade é que o treinador não perde a noção de que outros emblemas estarão mais bem apetrechados para atacar a subida ao Campeonato de Portugal e que a Série 1 só agora chega ao fim da primeira volta. “No Oliveira do Douro trabalhamos com os pés bem assentes no chão. Faltará talvez um pouco mais de matéria para assumirmos uma luta pela subida. A Divisão de Elite é muito competitiva, só sobe uma equipa e isso torna tudo muito complicado. Não quer dizer que não seja possível, mas temos de ser realistas”, começou por argumentar o treinador.

“É verdade que as coisas nos têm corrido bem, não nego, mas isso acontece porque o grupo é bom, os atletas têm assumido o compromisso com o clube e trabalham bem. A primeira volta vai acabar e, sem faltar ao respeito aos nossos adversários, ainda não vi melhor do que o Oliveira do Douro, ainda que nos falte defrontar o SC Coimbrões, para encerrar a primeira volta do campeonato. Mas como se sabe, em futebol muita coisa pode acontecer”, defendeu-se Abílio Novais.

A questão da subida é, por isso, um assunto que não tira o sono ao treinador do Oliveira do Douro. “Não assumimos a subida. A minha responsabilidade, já disse ao presidente, é trabalhar para que corra bem ao domingo. Se acontecer melhor, mas no futebol temos de respeitar os adversários e as equipas que se assumiram como candidatos. SC Coimbrões, Padroense e FC Maia Lidador são os mais sérios candidatos. Nós temos os pés assentes na terra, vamos trabalhar e depois logo se vê”, argumentou. “Aproxima-se a época festiva e é uma maravilha ter o que comer à mesa, independentemente do escalão em que estivermos a treinar”, acrescentou ainda.

Na próxima jornada, os dois primeiros da Série 1, Oliveira do Douro e SC Coimbrões, cruzam-se e encerram a primeira volta do campeonato. O Oliveira do Douro beneficia de quatro pontos de vantagem sobre o seu adversário e, aconteça o que acontecer, não perderá a liderança. Na melhor das hipóteses até poderá dilatar a diferença para sete pontos. Mas Abílio Novais desvalorizou a questão. “Os quatro pontos que temos de vantagem sobre o SC Coimbrões não querem dizer nada. É sempre bom, mas seria mais interessante vencer o SC Coimbrões no próximo domingo. Digo isso com todo o respeito pelo nosso adversário, mas só porque é o nosso próximo jogo. É verdade que se vencermos alargamos para sete os pontos de vantagem, mas é só isso. Não quer dizer mais do que isso. Não estamos obcecados com o primeiro lugar, se pudermos ficar entre os dois primeiros, melhor, mas depois ainda há mais uma fase para disputar”, sublinhou afastando sempre qualquer rótulo da sua equipa.

Para fundamentar tantas cautelas, Abílio Novais lembrou os dois últimos encontros. “Nestas duas últimas jornadas, contra o Padroense e o Candal, defrontamos equipas que mostraram muitos argumentos, tivemos algumas dificuldades. Mas foram dois jogos muito competitivos, por isso é que digo que há muitas equipas equilibradas e competitivas nesta série. Temos sido melhores, é verdade, mas temos noção da realidade. Não gosto muito de festejos, mas de seriedade no trabalho. Se corre bem, como até aqui, estamos mais perto de ganhar. Admito que os adeptos possam sonhar, não o posso impedir, mas nada não se consegue sem trabalho”, insistiu o treinador.

Do que o treinador não duvida é da motivação que existe nos adversários para tentar infligir a primeira derrota ao Oliveira do Douro: "São oito equipas de Vila Nova de Gaia e todos nos querem ganhar, porque ainda não perdemos um jogo, mas só quem for mais regular e tiver uma estrutura mais forte terá garantido meio caminho andado para o sucesso. Se calhar estamos a superar expectativas, estaremos entre as oito equipas que vão andar na frente esta época".

Um dos aspetos que tem permitido ao Oliveira do Douro liderar a Série 1 da Divisão de Elite tem sido a defesa. Os sete golos sofridos em 14 jogos dizem tudo. “Temos uma estrutura defensiva muito forte, mas não jogamos à defesa. É difícil criarem-nos problemas, porque temos um bom guarda-redes, que também ajuda, mas sobretudo, porque temos um coletivo que se organiza para defender bem e jogadores que transmitem confiança e tranquilidade para abordar os jogos da melhor maneira”, justificou Abílio Novais.